"Não sentei para chorar", desabafa procurador do Estado em artigo
Artigo Por José Vitor Gargaglione Não sentei para chorar. Foi tudo muito rápido. Na minha mente, apenas uma certeza: O homem é fruto de suas escolhas. Essa insofismável lei de causa e efeito tinha, mais uma vez, me acertado em cheio. Dessa feita, certeiro e mortal, o projetil de uma célula defeituosa me atingiu na bexiga, rasgando em sua trajetória todos os planos e sonhos que tinha para esse ano. A ilusão da vitalidade que esbanjava não foi suficiente para encarar um diagnóstico de câncer. Ainda mais um tão agressivo, que invadia a camada muscular da bexiga. Os médicos consultados eram unanimes, precisava operar. Uma cirurgia cheia de riscos e incertezas. Ou então, me submeter a uma radioterapia e, depois, a uma quimioterapia para tentar extirpar o tumor. A dúvida, inimigo cruel, invadia meu coração. Esse foi o ápice da enorme angustia que passei desde o instante em que recebi o laudo da biopsia. Realmente, onde há dúvida, há conflito. E o conflito destrói toda esperança