BRASIL, MOSTRA A SUA CARA!

Por Paulinho Brother 

                             
Quando decidi falar do atual cenário político-social brasileiro, de imediato lembrei-me do poeta Cazuza, mais propriamente de sua música “Brasil”. Afinal de contas, o Brasil cantado por Cazuza nos anos 80 é diferente do Brasil de hoje em dia? Frustra-me afirmar que, dos dias de Cazuza até hoje, pouco se mudou. E assim como Cazuza não foi convidado para “aquela festa pobre que os homens armaram”, eu também não fui. Afinal, a festa pobre é sinal de pura ironia, pois nesta festa, apenas desfilam as pessoas de poder. Nestas reuniões, se decide o futuro do país. Um país endividado e que não tem autonomia em dizer o que deve ou não fazer. Como cidadãos, somos obrigados a apenas aceitar as decisões das classes dominantes. Decisões que nem sempre representam a vontade do povo brasileiro.
Como não pude participar da festa, assim como Cazuza, “fiquei na porta estacionando os carros”. A exclusão social é algo discrepante que chega a ser gritante. Enquanto poucos desfrutam das riquezas e dos prazeres que o dinheiro pode lhes proporcionar, outros devem agir como meros espectadores de uma ditadura de exclusão social. A festa pobre é regada de promiscuidade e dotada de um falso moralismo que se impõem. Esta metáfora criada por Cazuza se perpetua pelo tempo. São mais de 30 anos que o desrespeito e a corrupção andam juntos. Conclui-se então, que o atual cenário político brasileiro não nos representa. As decisões são eivadas de interesses de uma minoria dominante.
Com a faca no pescoço, a presidenta Dilma não consegue driblar a miséria, as altas taxas de juro e a inflação. Os mais de 20 milhões de miseráveis, não podem simplesmente ser varridos para debaixo do tapete. E mais, conforme narrou a reportagem recente da Folha de São Paulo, o “Programa Brasil sem Miséria” só existe no papel. Talvez seja este um dos motivos da queda da popularidade da presidenta.
“Brasil! Mostra a tua cara; Quero ver quem paga; Pra gente ficar assim; Brasil; Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio?” este grito de Cazuza perpetuou por longos anos, e tem certa coerência. Precisamos de um Brasil mais justo, de uma nação transparente. O Brasil precisa mostrar sua cara e dizer pra que veio e pra onde conduzirá seu povo. Quem paga com os desmandos de uma nação subdesenvolvida são os menos favorecidos, uma classe que acaba sendo deixada de lado e vivendo a mercê da marginalidade.
Aquilo que é público é de todos, porém no Brasil há muitos donos! O seu dono ou o seu patrão é aquele o qual o governo representa, fruto de um capitalismo apartante. No Brasil, os donos do poder tem nome, sobrenome e endereço. E assim, o que devo fazer? Não apenas a mim, mas todos nós, devemos reagir. O Brasil vive um paradoxo de uma democracia inexistente. No decorrer da história, a desigualdade e a pobreza sempre estiveram presentes e suas características negativas se agravaram com o surgimento da industrialização e do capitalismo. No Brasil não há políticas públicas coerentes, vivemos a ausência de vários mecanismos como a distribuição inadequada de rendas e uma ineficácia à um processo de democratização de acesso ao poder político.
No atual sistema político, a democracia opera paralelamente à cidadania, visto que para ser cidadão é preciso que se seja respeitado como indivíduo portador de direitos. A exclusão social acaba por separar dois horizontes: os que detêm o poder e os que são apartados pelo poder. A pirâmide social dá certa margem para uma hierarquização. É comum deparamos com a velha máxima: “você sabe com quem está falando?”, esta nuance revela o alto teor de intimidação de uma cultura social enraizada pelo tempo. Trata-se de uma separação que se dá por nivelamento social, onde quem aparenta ter mais, pode impor e ditar as regras.
A mudança comportamental deve vir de cada indivíduo em sua forma única. Somos responsáveis pelo que somos e pelo que vivemos. O político desonesto nasceu na urna, no momento em que alguém vendeu sua consciência, sua honra e seu valor. Para alguns, ser honesto é ser fora de moda. Quem já não se deparou, ou até mesmo se apropriou de um “jeitinho brasileiro”?
Poderíamos a partir de hoje, ressignificar nossos valores. Tudo isto que falo também mexe comigo e abala minhas estruturas. Quem sabe eu seja um sonhador um tanto irônico, mas assim como Cazuza, “Grande pátria desimportante; Em nenhum instante; Eu vou te trair”.

Paulinho Brother é Servidor Público de carreira do Tribunal de Contas do Estado de Mato grosso.

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