A renúncia do Papa e os oportunistas da imprensa secular
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Que a mídia secular não é o melhor meio para se informar a
respeito da Igreja Católica, isso não é novidade. Basta fazer uma rápida
leitura nas manchetes dos principais jornais do país a respeito da renúncia do
Papa Bento XVI para se ter a certeza de que o amadorismo reina nessas
aclamadas agências de notícias. No entanto, acreditar na
simples inocência desses senhores e cobri-los com um véu de caridade por seus
comentários maldosos e, muitas vezes, insultuosos não seria honesto. É
necessário compreender muito bem que muitos desses veículos estão ardorosamente
comprometidos com a desinformação e com os princípios contrários à reta moral
defendida pela Igreja. Daí a quantidade de sandices que surgiram na mídia nos
últimos dias.
Logo
após o anúncio da decisão do Santo Padre, publicou-se na imprensa do mundo todo
que a ação de Bento XVI causaria uma "revolução" sem precedentes na doutrina da Igreja.
Uma atrapalhada correspondente de uma emissora brasileira afirmou que a
renúncia do papa abriria caminho para as "reformas" do Concílio
Vaticano II e que isso daria mais poderes aos bispos. Já
outros declaravam que os recentes fatos colocavam em xeque o dogma da
"Infalibilidade Papal", proclamado pelo Concílio
Vaticano I. Nada mais fantasioso.
É verdade que uma renúncia tal qual a de Bento XVI nunca houve na
história da Igreja. A última resignação de um papa aconteceu ainda na Idade
Média e em circunstâncias bem diversas. Todavia, isso não significa que o Papa
Ratzinger tenha modificado ou inventado qualquer novo dogma ou lei
eclesiástica. O direito à renúncia do ministério petrino já estava previsto no Código
do Direito Canônico, promulgado pelo Beato João Paulo II em 1983. Portanto, de
modo livre e consciente - como explicou no seu discurso - Bento XVI apenas fez
uso de um direito que a lei canônica lhe dava e nada nos autoriza a pensar que
fora diferente. Usar desse pretexto para fazer afirmações tacanhas sobre dogmas
e reformas na Igreja é simplesmente ridículo. Quem faz esses comentários carece
de profundos conhecimentos sobre a doutrina católica, sobretudo a expressa no
Concílio Vaticano II.
Outros comentaristas foram mais longe nas especulações e atestaram
que a renúncia do Papa devia-se às pressões internas que ele sofria por seu
perfil tradicionalista e conservador. Além disso, as crises pelos escândalos de
pedofilia e vazamentos de documentos internos também teriam pesado na decisão.
Não obstante, quem conhece o pensamento de Bento XVI sabe que ele jamais
tomaria essa decisão se estivesse em meio a uma crise ou situação que exigisse
uma particular solicitude pastoral. E isso ficou muito bem expresso na sua
entrevista com o jornalista Peter Seewald - publicada no livro Luz do Mundo -
na qual o Papa explica que em momentos de dificuldades, não é possível
demitir-se e passar o problema para as mãos de outro.
Mas
de todas as notícias veiculadas por esses jornais, certamente as mais
esdrúxulas foram as que fizeram referência às antigas
"profecias" apocalípiticas que prediziam o fim da Igreja
Católica. Numa dessas reportagens, um notório jornal do Brasil dizia: "O
anúncio da renúncia do papa Bento 16 fez relembrar a famosa "Profecia de
São Malaquias", que anuncia o fim da Igreja e do mundo". É
curioso notar o repentino surto de fé desses reconhecidos laicistas logo em
teorias que proclamam o fim da Igreja. Isso tem muito a dizer a
respeito deles e de suas intenções.
Por
fim, também não faltaram os especialistas de plantão e teólogos liberais
chamados pelas bancadas dos principais jornais do país para pedir a eleição de
um papa "mais aberto". Segundo esses doutos senhores, a Igreja
deveria ceder em assuntos morais, permitindo o uso da camisinha, do aborto e
casamento gay para conter o êxodo de fiéis para as seitas protestantes. A essas
pretensões deve-se responder claramente: A Igreja jamais permitirá
aquilo que vai contra a vontade de Deus e nenhum Papa tem o poder de modificar
isso. A doutrina
católica é imutável. Ademais, os fiéis jovens da Igreja têm se mostrado cada
vez mais conservadores e avessos à moral liberal. Inovações liberais para
atrair fiéis nunca deram certo e os bancos vazios da Igreja Anglicana são a
maior prova disso.
O comportamento vil da mídia secular leva-nos a fazer sérios
questionamentos sobre a credibilidade e idoneidade dos chefes de redações que
compõem as mesas desses jornais. Das duas, uma: ou esses senhores carecem de
formação adequada e por isso seus textos são recheados de ignorâncias e
nonsenses, ou então, esses doutos jornalistas têm um sério compromisso com a
desinformação e a manipulação dos fatos, algo que está diametralmente oposto ao
Código de Ética do Jornalismo. Se fôssemos seguir a cartilha desses órgãos de
imprensa, hoje seríamos obrigados a crer que Bento XVI liberou a camisinha,
excomungou o boi e o jumento do presépio, acobertou padres pedófilos e mais uma
série de disparates que uma simples leitura correta dos fatos seria o
suficiente para derrubar a mentira.
Na
sua mensagem para o Dia Mundial da Comunicação de 2008, o Papa Bento XVI
alertou para os riscos de uma mídia que não está comprometida com a reta
informação. "Constata-se, por exemplo,
que em certos casos as mídias são utilizadas, não para um correcto serviço de
informação, mas para «criar» os próprios acontecimentos",
denunciou o Santo Padre. Bento XVI assinalou que os meios de comunicação devem
estar ordenados para a busca da verdade e a sua partilha. Pelo jeito, a
imprensa secular ainda tem muito a aprender com o Santo Padre.
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