Samba, enganação e safadeza no Carnaval da Mangueira



Por  Ademar Adams 
                                                                                                                      
A única coisa que a Mangueira fez e retratou fielmente Cuiabá, foi o atraso para concluir o desfile. Igualzinho as obras da Copa. Já o enredo confuso, deve ter sido feito por quem não conhece nada de Cuiabá.
Embora não ouvi os comentaristas globais falarem da grana que o povo cuiabano pagou, como falaram do patrocínio da Beija Flor, pelos criadores do cavalo manga-larga, a Mangueira não entregou a mercadoria esperada. Aliás, os comentaristas só falaram platitudes. Chico Spinoza então, não disse coisa com coisa e só repetia lugares comuns com ar de enfado.
Falar do trem, que não tem previsão de chegar, falar de paraíso e dar a entender que Cuiabá é uma floresta, como se a Amazônia começasse aqui, foram algumas das bobagens que anotei.
Poderiam ter falado e mostrado o nosso centro histórico, ainda que infelizmente mal tratado. Deveriam mostrar também que temos avenidas e edifícios modernos. Falar do tempo antigo, em contraponto com os tempos atuais, o crescimento vertiginoso, com a migração e o progresso na agricultura.
Não falaram dos nossos escritores e poetas, das personalidades do passado, nada. Enfim, Cuiabá continuou desconhecida e distorcida. A imagem de que jacarés e onças andam pelas ruas continua.
O ex-prefeito que fez o contrato deveria devolver o dinheiro, uma vez que contratou muito mal. Uma cidade onde o pronto socorro é um eterno caos, o lixo jogado pra todo lado, as ruas esburacadas, a periferia abandonada, as margens do rio Cuiabá uma podriqueira só, longe, portanto, do paraíso apregoado, não pode gastar 3,6 milhões num evento distante e mal feito.
O samba enredo apesar do refrão cantado com facilidade, falava de uma madeira que não tem aqui, pois, o jequitibá é da mata atlântica. A pobreza dos  versos denota o desconhecimento da história de Cuiabá. Bastava ouvir um pouco os nossos rasqueados e a inspiração poderia aflorar.  Mas, que importância tinha. A grana sairia de qualquer jeito, como saiu.
Como cuiabano por adoção, que amo esta terra, não aceito calado mais essa coisa mal feita e que muitos querem se enganar achando que foi uma maravilha e os erros são meros detalhes. Para mim foi um fiasco e pronto!
A questão dos ingressos é uma imoralidade. A sociedade tem direito de saber qual o critério adotado para a distribuição. A entrega feita para entidades como os Tribunais, Assembleia e Câmara, para que estes órgãos escolhessem os agraciados, é imoral. Os ingressos deveriam ser sorteados para quem se interessasse em ir. De outra forma acabaria, como acabou acontecendo, a distribuição aos amigos dos poderosos, num vergonhoso caso de privilégio.
Queremos saber também a quantos favorecidos a prefeitura patrocinou passagem, estadia e diárias. E também com quais critérios.
Para terminar, uma pergunta: alguém entendeu a demagogia do atual prefeito, que preferiu ir ao “Vinde e vede”, do que acompanhar no Sambódromo uma escola de samba mostrando a cidade que administra?
Ademar Adams é jornalista em Cuiabá


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