Artigo: Eu e minhas três mulheres



No começo era apenas um paraíso solitário. Nele habitava um homem que por entre as folhas aguardava sempre um novo dia. Um dia que pudesse ser mais bonito que o anterior. Imagino que mesmo naquele cenário de beleza, aquele homem se sentia sozinho. Um homem e um paraíso. Assim, somente um artista poderia desenhar das costelas daquele homem sua própria companheira. Em sua magnitude, o artista divino conclui que o homem não poderia ficar só. E assim surgiu a mulher. Com a mesma essência do homem, a mulher foi dada em presente á Adão.

Quando me propus a escrever a respeito do Dia Internacional da Mulher, deparei-me com a seguinte indagação: Nós homens também temos um dia? Sim, nós temos. E para os que desconhecem a história, o Dia Internacional do Homem é comemorado no dia 19 de novembro. É certo que se trata de uma comemoração um tanto tímida. Sem muita animação ou festança. A final de contas, comemora-se este dia a tão pouco tempo. Desde o ano de 1999, comemoramos o Dia Internacional do Homem. Quanto ao Dia Internacional da Mulher, ele é tema histórico. Teve inicio nos movimentos feministas da Rússia e se propagou internacionalmente. Aqui no Brasil, a data é comemorada todos os anos.

Engraçado que, nós homens ficamos tão sentimentais neste dia. Ousamos até mesmo comprar um ramalhete de rosas e presentear as mulheres especiais que estão ao nosso lado. No dia seguinte voltamos à estaca zero. Afinal, somos machões por natureza. Temos que honrar nossas “cuecas”. Os casados como eu, voltam pra casa e querem o almoço pronto. Mas, não pode ser qualquer almoço, deve ser o nosso cardápio preferido. À noite quando volto para casa irritado com os afazeres do trabalho, minha esposa deverá me entender. Ela deve estar bonita e com um lindo sorriso no rosto. Poxa vida, eu estou cansado e mereço atenção! E os filhos? Eles são uma benção divina. Devem estar bem vestidos e com as tarefas escolares prontas. Este é o dever de minha esposa. E se algum filho me apronta algum desapontamento? Ah, culpa minha que não foi. Certamente foi minha esposa a culpada por ser uma mãe negligente.
Algum homem já agiu de maneira diferente? Sinceramente, penso que nós homens somos todos iguais. Somos dotados de um pensamento “dominante” equivocado. E moral da história, a mulher é o “cara”.  A mulher é dotada de múltiplos afazeres: é mulher, mãe, amante, amiga, profissional. Ela tem que acordar cedo e preparar os filhos para a escola. Ir para o trabalho, fazer nossos alimentos, cuidar dos filhos-maridos, estar sempre sorrindo a noite quando chegamos irritados, solucionar os problemas internos e vencer todas as adversidades.
Meus amigos homens, não há como escapar. Somos dependentes da mulher desde o dia em que nascemos. Somos gerados em seu ventre, sendo ela quem sente todas as dores do parto. Amamentamos em seu seio, pois é dela que parte nossos primeiros alimentos. Quando começamos a falar, nossa primeira palavra é mamãe. Somos levados à escola por mamãe. É ela quem nos ensina os primeiros letramentos e nos faz sentir artistas em nossos “rabiscos incompreensíveis”. Quando crescemos é nossa esposa nossa segunda mãe. Mais uma vez a mulher entra em cena. Ela suporta nossos caprichos. É dela que vem a força e o conforto do refúgio. No mercado de trabalho, as mulheres estão em ascensão. Nosso país é governado por uma mulher. As mulheres dominam o mundo.

Não quero ser hoje um mero falastrão. Quero dar vida as minhas palavras. Pretendo ser um despertador de idéias. Reflexões de velhos conceitos já esquecidos. Despertar em mim e em outros homens a reflexão de pensamentos. Poder ser diferente e melhor a cada dia.  Respeitar e amar nossas mulheres. Nós homens certamente temos muitas mulheres em nossa vida. Eu tenho várias. Olga é minha primeira mulher. A mulher que me deu a própria existência. Karinny é a mulher que me acompanhará para o resto da vida.  E Lorena é a mulher que carregará a mim mesmo em sua genética.

É sabido, que na cultura dos gêneros, somos rotulados como “espada”. A mulher por sua própria natureza, já nasce desarmada. A espada não lhe pertence. Nem em seu fenótipo, nem em suas ideologias. Mulher não gosta de guerra. Na guerra, as mulheres perdem seus maridos e filhos. Mulher aprende a brincar de boneca. Ela é emotiva. A sensibilidade lhe aflora a alma. A emoção não é sinônima de fraqueza. A mulher é dotada de uma capacidade empática que nós homens não a temos. Só se compreende o outro, quando se pode revestir–se do outro. É preciso desnudarmos.
 Assim, só me resta desarmar-me diante dela. Quero aprender a chorar com ela. Quero ter a paciência dela. Quero ser versátil em meus afazeres como ela. Quero ser capaz de gerar e alimentar o mundo como ela. Que me perdoe à cacofonia da língua portuguesa, mas não serei ninguém sem ela. Feliz dia das mulheres!


*Paulinho Brother é cidadão cuiabano, servidor público de carreira do TCE-MT e suplente de vereador pelo PDT.

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